
Nova pesquisa indica evolução estratégica nos avistamentos de OVNIs no período pós-Segunda Guerra Mundial, com foco crescente em atividades noturnas e áreas militares sensíveis.
Um estudo recente da Scientific Coalition for UAP Studies (SCU), organização independente dedicada à investigação científica de Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs, na sigla em inglês), trouxe à tona novos dados e interpretações sobre os padrões de comportamento desses fenômenos no período entre 1945 e 1975. Intitulado “Análise de Indicações de UAPs: 1945-1975 – Atividades Militares e Públicas”, o artigo é o quarto de uma série que busca compreender as possíveis intenções por trás da presença constante de UAPs nos céus desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
A análise, conduzida pelos pesquisadores Larry J. Hancock, Ian M. Porritt, Sean Grosvenor, Larry Cates e Joshua Pierson, propõe que os UAPs demonstraram um interesse recorrente em instalações nucleares, armamentos atômicos e, com o passar do tempo, passaram a operar de maneira mais discreta, principalmente à noite. Segundo os autores, isso pode indicar uma tentativa deliberada de estudar o comportamento humano em contextos específicos, sugerindo inteligência e intenção por trás desses fenômenos.
Padrões UAPs: Da Exibição Pública à Observação Noturna
A pesquisa da SCU identificou cinco pontos centrais que ajudam a entender o comportamento dos UAPs durante o período analisado. Em primeiro lugar, observa-se que as primeiras manifestações de OVNIs estavam fortemente concentradas em locais ligados ao desenvolvimento e ao armazenamento de armamento nuclear. Usinas de material radioativo, fábricas de montagem de ogivas e silos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) foram frequentemente sobrevoados ou monitorados por objetos não identificados.
Um dos casos mais emblemáticos citados no relatório foi o incidente de Malmstrom, em 1967. Na ocasião, relatos documentados indicam que múltiplos silos de mísseis foram simultaneamente desativados após a presença de um objeto desconhecido. Episódios semelhantes ocorreram em bases como Minot, Wurtsmith e Loring entre outubro e novembro de 1975, o que reforça a hipótese de um interesse estratégico recorrente desses fenômenos por locais com capacidade de destruição em massa.
Transição e Estratégia: Da Visibilidade à Clandestinidade
Um segundo ponto importante abordado no estudo é a mudança gradual no padrão de atividade dos UAPs. Entre 1945 e 1964, os avistamentos eram mais frequentes durante o dia, muitas vezes com manobras impressionantes, como formações coordenadas e voos radicais que pareciam servir de exibição para o público ou para as forças armadas. Em alguns momentos, essas atividades chegaram a sugerir tentativas limitadas de contato.
Contudo, a partir da década de 1970, uma mudança significativa foi observada: os avistamentos se tornaram majoritariamente noturnos e discretos. Esses episódios frequentemente envolviam poucos observadores e durações maiores, indicando um possível objetivo de estudar o comportamento humano sem interferência direta. Essa transição é interpretada pelos pesquisadores como parte de um processo de adaptação ou refinamento da estratégia de observação por parte dos UAPs.
Tentativas de Comunicação? Os Casos de Transmissão Eletrônica
O estudo também destaca um número limitado, porém relevante, de incidentes envolvendo transmissões eletrônicas emitidas por UAPs, notadamente em 1957. Nessas ocasiões, os sinais emitidos pareciam imitar protocolos de Identificação de Amigo ou Inimigo (IFF), utilizados por forças militares para distinguir aeronaves aliadas de potenciais ameaças. A utilização dessa tecnologia pelos UAPs sugere não apenas inteligência, mas também conhecimento dos sistemas de defesa humanos e, possivelmente, uma tentativa de interação segura ou até mesmo de teste de resposta militar.
Ian Porritt, um dos principais autores do estudo, explica que esses sinais podem ter representado parte de um protocolo inicial de contato, baseado não em comunicação direta, mas em mensagens inferenciais — ou seja, tentativas de se fazer entender por meio de ações e reações ao ambiente e aos sistemas humanos.
Observação Humana: UAPs como Ferramentas de Estudo?
Outro achado relevante apontado pelo estudo é o crescente número de casos nos quais os UAPs pareciam estar observando deliberadamente pequenos grupos de pessoas, mantendo-se próximos e realizando manobras específicas. Em vez de simples aparições aleatórias, muitos desses episódios pareciam intencionalmente voltados para acompanhar reações emocionais, movimentos ou interações humanas.
Esse padrão é interpretado como um potencial interesse dos UAPs em compreender o comportamento humano em diferentes situações. A ausência de tentativas mais explícitas de comunicação pode indicar que o objetivo não era estabelecer um contato, mas sim reunir informações ou realizar estudos comparativos.
A Percepção Pública: De Curiosidade a Preocupação
O relatório da SCU destaca ainda uma mudança na forma como o público passou a perceber os UAPs ao longo dos anos. Nos primeiros registros, havia uma combinação de fascínio, curiosidade e até entusiasmo. No entanto, à medida que as interações se tornaram mais noturnas, silenciosas e direcionadas a indivíduos isolados, a reação das testemunhas passou a refletir medo, apreensão e um sentimento crescente de vigilância.
Essa alteração na percepção sugere que os UAPs passaram a operar de maneira mais invasiva ou, pelo menos, mais inquietante do ponto de vista humano. A diminuição das “exibições” públicas e o aumento das interações íntimas com pequenos grupos levantam questionamentos sobre a real intenção dessas entidades ou inteligências.
Quarto Estudo da Série: Um Panorama Pós-Guerra
Este novo relatório é o quarto de uma série de investigações conduzidas pela SCU. O primeiro estudo, UAP Pattern Recognition Study: 1945-1975 US Military Atomic Warfare Complex, revelou picos de atividade anômala em locais de inovação tecnológica militar, como laboratórios e bases de teste de armamentos nucleares.
O segundo estudo, por sua vez, concentrou-se nas intenções aparentes dos UAPs, com base na natureza e na repetição de determinados comportamentos em locais específicos. Já o terceiro trabalho evidenciou a mudança de padrão temporal e comportamental dos UAPs, de ações ostensivas a abordagens cada vez mais furtivas e dirigidas.
Implicações Futuras: Entender o Passado para Decifrar o Presente
Com esses dados, a SCU espera contribuir para o desenvolvimento de metodologias mais precisas na análise de interações com UAPs. Entender as ações passadas pode ser fundamental para antecipar tendências futuras, especialmente se essas entidades ou inteligências continuarem operando dentro do espaço aéreo terrestre.
A grande questão permanece: estamos diante de um esforço sistemático e silencioso de monitoramento por parte de uma tecnologia desconhecida? Se sim, com que propósito? Embora a resposta ainda esteja além do nosso alcance, estudos como esse ajudam a estreitar o campo de hipóteses e a aumentar a credibilidade científica no debate sobre o fenômeno.